Por Mônica de Moraes, head em Renda Fixa e sócia da Allez Invest.
Está na cultura do investidor brasileiro associar Renda Fixa a um ativo sem volatilidade, previsível e para perfis conservadores. Mas, os cenários político, econômico e fiscal do país podem oferecer boas oportunidades para melhorar a rentabilidade desses títulos. Basta uma gestão ativa, ficar de olho no movimento do mercado e entender quais os fatores influenciam o preço dos ativos, sendo a curva de juros um dos principais.
A gestão ativa – que em poucas palavras consiste em fazer ajustes periódicos nas posições, apesar de ser uma modalidade muito comum no mercado de Renda Variável e a nível institucional – como fundos de investimentos, por exemplo, é essencial para que o investidor tenha uma rentabilidade melhor, também na Renda Fixa. Na prática, se o investidor mantiver o papel até o vencimento, a taxa contratada vai ser cumprida, independente das influências sobre o seu preço, mas, se ele sair antes, fica suscetível ao valor do ativo no dia. Isso ocorre devido à marcação a mercado, que muda o preço do título diariamente, refletindo a taxa atual negociada. Quando se entende os promotores dessa alteração de preço, e a curva de juros é um dos principais, pode-se atuar no mercado de títulos lucrando com essa variação, adiantando para hoje o ganho que você obteria no futuro. É nos papéis com marcação a mercado que o investidor encontra o risco e a oportunidade.
A curva de juros, a amiga (ou inimiga) da Renda Fixa, deve ser acompanhada atentamente pelos investidores, principalmente nesse momento em que o cenário do Brasil está em constante mudança. Essa dica é válida tanto para aqueles que já possuem posição, quanto para os que desejam comprar ativos. O movimento da curva de juros é extremamente sensível aos acontecimentos do mercado e não é preciso que o cenário se concretize para sentir os seus efeitos. Trata-se de um cálculo matemático que mostra como o mercado está precificando o risco, e essa alteração na função, muda o comportamento da curva, que por sua vez, muda o preço do ativo de renda fixa na data de hoje.
Para exemplificar a relação de Renda Fixa com a curva de juros, vamos relembrar um acontecimento recente: a indicação de um novo presidente para Petrobras, por parte do presidente Jair Bolsonaro, em fevereiro deste ano. Mesmo quem não investe na empresa, pode ter sentido os efeitos dessa decisão, e isso serve muito bem para os investidores de Renda Fixa. A indicação causou um grande alvoroço no mercado, uma vez que levanta o questionamento sobre uma possível interferência do governo nas estatais e, caso haja uma intervenção na política de preços da Petrobras, provavelmente, veríamos um dólar mais alto, elevando consigo a inflação. Para contornar essa possível situação, se tornaria necessário um aumento na Selic maior ou mais rápido do que o já é esperado pelo mercado. Isso seria importante porque essa precificação do risco é refletida no movimento da curva de juros.
O que aconteceu na ocasião da mudança do comandante da Petrobras foi que o mercado enxergou uma possível elevação adicional nos juros futuros com essa situação, e isso tem efeito direto nos ativos de Renda Fixa. Não há uma certeza sobre a trajetória da curva de juros, mas que o cenário muda essas expectativas de forma dinâmica, e como isso reflete no preço dos ativos, logo, deve ser analisado e traduzido como cuidado ou oportunidade de melhores resultados para o investidor.
Sobre Mônica de Moraes
Head em Renda Fixa, Mônica é sócia da Allez Invest. A especialista em investimentos é graduada em Relações Internacionais e conta com uma experiência de oito anos no mercado financeiro em tradicionais instituições bancárias do país.
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